sábado, 16 de abril de 2016

Portugal









FADO 
 I       
Fado Português
O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal dancava
e o céu, o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
            
Ai, que lindeza tamanha,
meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.
   
                                                                        Fado
                                                                          II
Na boca dum marinheiro 
do frágil barco veleiro, 
morrendo a canção magoada, 
diz o pungir dos desejos 
do lábio a queimar de beijos 
que beija o ar, e mais nada, 
               
Mãe, adeus. Adeus, Maria. 
Guarda bem no teu sentido 
que aqui te faço uma jura: 
que ou te levo à sacristia, 
ou foi Deus que foi servido 
dar-me no mar sepultura.
               
Ora eis que embora outro dia, 
quando o vento nem dancava 
e o céu o mar prolongava, 
à proa de outro velero 
velava outro marinheiro 
que, estando triste, cantava, 
-José Régio


FADO ERRADO
Frederico de Brito 

"Errei porque te amei a vida inteira
Sem nunca deste amor fazer alarde
Agora ando para aqui numa canseira
Pois não encontro a maneira
E para te deixar é tarde

Se alguém me perguntar qual foi o erro
Direi que foi amar-te até mais não
Foi culpa deste amor a que me aferro
Com erro atrás de um erro
Há já erros sem perdão"


Fria Claridade
JM Amaral / PH de Mello

"No meio da claridade
Daquele tão triste dia
Grande, grande era a cidade
E ninguém me conhecia

Então passaram por mim
Dois olhos lindos depois
Julguei sonhar vendo enfim
Dois olhos como há só dois

Em todos os meus sentidos
tive presságios de Deus
E aqueles olhos tão lindos
Afastaram-se dos meus

Acordei e a claridade
Fez-se maior e mais fria
Grande, grande era a cidade
E ninguém me conhecia".


Ah Fadista!
                     
Tenho a mania, sou um doente do fado
Vou com ele a qualquer lado, se não vou faço fita.
Tenho a mania, quando ouço uma guitarra,
Canto o fado com tal garra que a malta delira e grita:
                     
Ah fadista! És a pantera do fado!
Mostra lá como se canta, todo rufia sempre a gingar.
Ah Fadista! Grita o povo entusiasmado.
Assim é que é ter garganta e assim mesmo é que é cantar!
                     
É uma doença sem tratamento nem cura
E já ninguém me segura se nota a minha falta
É uma doença, que mata mas faz viver
Cantar o fado e beber e ouvir as bocas da malta:
                    
Ah fadista! És a pantera do fado!
Mostra lá como se canta, todo rufia sempre a gingar.
Ah Fadista! Grita o povo entusiasmado.
Assim é que é ter garganta e assim mesmo é que é cantar!
                             
Vivo pró fado! A minha ideia não muda.
Esta fadistice aguda está no sangue, não finda.
Vivo pró Fado! Quero morrer a cantar
Ouvindo a malta a gritar “Ah tigre! Ah boca linda!”
                              
Ah Fadista! És a pantera do Fado!
Mostra lá como se canta, todo rufia sempre a gingar.
Ah Fadista! Grita o povo entusiasmado.
Assim é que é ter garganta e assim mesmo é que é cantar!
 (by Grupo de Fados Novas Guitarradas)





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