“Flores cujos nomes eram, repetidos em
sequência,
orquestras de perfumes sonoros...
Árvores cuja volúpia verde punha
sombra
e frescor no como eram chamadas..."-F.Pessoa
"Frutos cujo nome era uma marca na alma da sua
polpa...
Sombras que eram relíquias de outroras felizes.”-..F.Pessoa
“Clareiras, clareiras
claras, que eram sorrisos mais francos da paisagem que se bocejava em
próxima...
Ó horas multicolores!... Instantes-flores, minutos-árvores,
"E coberto de flores, e do perfume de flores,
e
do perfume de nomes de flores!...
Loucura de sonho naquele silêncio alheio!”...-F.Pessoa
“Loucura
de sonho naquele silêncio alheio!...
A nossa vida era toda a vida...
O nosso
amor era o perfume do amor...
Vivíamos horas impossíveis, cheias de sermos
nós...
E isto porque sabíamos,
que não éramos uma realidade...”-F.Pessoa
"Éramos impessoais, ocos de
nós, outra coisa qualquer...
Éramos aquela paisagem esfumada em consciência de
si própria...
E assim como ela eram duas - de realidade que era,
a ilusão -
assim éramos nós obscuramente dois,
nenhum de nós sabendo bem se o outro não
ele próprio
se o
incerto outro viveria...”-F.Pessoa
"Uma criança que lê, sera uma adulta que pensa".-A.Stanley
”Quando emergíamos de repente ante o estagnar
dos lagos
sentíamo-nos a querer soluçar...
Ali aquela paisagem tinha os olhos
rasos de água,
olhos parados, cheios do tédio inúmero de ser...
Cheios, sim, do
tédio de ser, de ter de ser qualquer coisa,
realidade ou ilusão - e esse tédio
tinha a sua pátria
e a sua voz na mudez e no exílio dos lagos...”-F.Pessoa
Thomas Cole
"E nós,
caminhando sempre e sem o saber ou querer,
parecia ainda assim que nos
demorávamos à beira daqueles lagos,
tanto de nós com eles ficavam e moravam,
simbolizado e absorto...
E que
fresco e feliz lamento o de não haver ali ninguém!’-F.Pessoa
“Éramos
tão ténues e rasteirinhos
que o vento do decorrer nos deixara inúteis
e a hora
passava por nós acariciando-nos
como uma brisa pelo cimo duma palmeira.
Não
tínhamos época nem propósito. Toda a finalidade das coisas e dos seres
ficara-nos à porta daquele paraíso de ausência”-F.Pessoa
“
Raiam na minha atenção vagos ruídos, nítidos e dispersos,
que
enchem de ser já dia a minha consciência do nosso quarto...
Nosso quarto? Nosso
de que dois, se eu estou sozinho? Não sei.
Tudo se funde e só fica, fugindo,
uma realidade-bruma
em que a minha incerteza soçobra
e o meu compreender-me,
embalado, adormece...”-F.Pessoa
"A manhã
rompeu, como uma queda, do cimo pálido da Hora...
Acabaram de arder, meu amor,
na lareira da nossa vida,
as achas dos nossos sonhos...”-F.Pessoa
Martin Johnson Heade
"Desenganemo-nos
da esperança, porque trai,
do amor, porque cansa,
da vida, porque farta e não
sacia,
e até doem, porque traz mais do que se quer
e menos do que se espera.
Desenganemo-nos, ó Velada,
do nosso próprio tédio, porque se envelhece de si
próprio
e não ousa ser toda a angústia que é”.-F.Pessoa
Albert Bierstadt
"Não choremos, não choremos,
não desejemos...
Cubramos, ó Silenciosa, com um lençol de linho fino
o perfil certo da nossa Imperfeição...”-F. Pessoa
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